Em entrevista ao Poder360, o senador Irajá afirma ter os apoios necessários e estar disposto a conversar com a bancada evangélica para avançar a proposta para legalizar cassinos, bingos e jogo do bicho (Foto: Reprodução/Poder360)
Relator do projeto para liberar cassinos, bingos e jogo do bicho no Brasil, o senador Irajá (PSD-TO) afirmou, em entrevista ao Poder360, que o texto está maduro e que já tem os votos necessários para aprová-lo no Senado.
Ele disse que a decisão de quando será votado está nas mãos do presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Mencionou que foi sob a presidência de Alcolumbre que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou a proposta.
“Está pronto, maduro para ser discutido e votado no plenário, assim que o nosso presidente Davi entender que o ambiente está apto para votação”, declarou em entrevista dada na Quarta-feira (9).
Irajá disse estar disposto a conversar com a bancada evangélica, uma das grandes opositoras à liberação dos jogos e disposta a fazer uma mobilização caso o texto seja pautado. Para ter esse apoio, falou estar disposto a fazer mudanças no texto.
“Estou aberto ao diálogo, inclusive, com a bancada evangélica, que tem tido uma posição muito firme, contrária à aprovação dessa matéria. Acredito no bom senso”, falou.
Ele estima que a mudança levará R$ 22 bilhões de impostos para os cofres públicos e aumentará o número de turistas de 6 milhões para 12 milhões ao ano.
Irajá também comentou sobre as eleições de 2026. Disse que pretende concorrer à reeleição do Senado e defendeu que sua mãe, a ex-senadora e ex-ministra Kátia Abreu (PP-TO), tente um cargo eletivo.
Afirmou ainda esperar que a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) melhore até o ano que vem e que o petista também avance na interlocução política, tanto no Congresso como com governadores e com prefeitos.
Disse ainda que seu partido, o PSD, que hoje ocupa 3 ministérios no governo, merece ter mais espaço na Esplanada.
Assista (26min29s):
Leia trechos da entrevista do senador Irajá ao Poder360:
O projeto dos jogos de azar é controverso. Conversou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, sobre quando será votado?
Tenho conversado constantemente com o presidente Davi Alcolumbre, que é o presidente do Congresso, mas que, até dezembro, era presidente da Comissão de Constituição e Justiça, onde votamos o projeto da regularização dos jogos responsáveis. Vencemos aquela votação com 14 votos favoráveis e 12 contrários.
Pelos debates que tivemos no Senado, com audiências públicas, a matéria está pronta, madura para ser discutida e votada no plenário, assim que o nosso presidente Davi, com a sua sensibilidade, e juntamente com os líderes partidários, entender que o ambiente está apto para votação.
Seu último relatório é de dezembro de 2024. Pretende fazer mudanças ou está pronto?
Avançamos muito, discutimos na Comissão de Constituição e Justiça. Várias emendas foram acatadas e contribuíram para aperfeiçoar o texto.
O texto aprovado na Câmara só previa a possibilidade de construção de resorts integrados em novos projetos. Isso excluiria os empreendimentos já construídos no Brasil de participar de futuras concorrências. Grandes hotéis que já temos não poderiam participar. Fizemos uma correção na redação.
Não significa que o texto está engessado. Há possibilidade que sejam apresentadas emendas, e esse texto possa ser aprimorado. Estou aberto ao diálogo, inclusive, com a bancada evangélica, que tem tido uma posição muito firme, contrária à aprovação dessa matéria. Acredito no bom senso.
É um projeto importante para o país. Vamos revolucionar o turismo brasileiro. Não podemos ficar assistindo países vizinhos como Argentina, Uruguai e Chile receberem tantos milhões de turistas internacionais, e o Brasil não pode, porque não oferece essa modalidade de turismo do jogo responsável.
Vai gerar emprego, renda, 22 bilhões de novos impostos, que serão revertidos em áreas essenciais, como a saúde e a educação. Sem contar que toda a cadeia de turismo, a construção civil, os prestadores de serviços, pousadas, restaurantes, serão altamente beneficiados.
Muitos senadores contrários ao projeto usam o exemplo das bets, com relatos de vício e prejuízos financeiros. É o melhor momento para aprovar seu projeto?
Sem dúvida. Dos 38 países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], apenas a Islândia ainda não aprovou o jogo responsável. Se levar em conta o G20, que são as 20 maiores economias do mundo, apenas o Brasil e a Indonésia não legalizaram.
Se olhar para a América do Sul, de 13 países, apenas o Brasil e a Bolívia não tiveram coragem de fazer esse enfrentamento.
Não pode estar o mundo todo errado e só nós certos, assistindo todos esses países se desenvolverem do ponto de vista econômico, social.
Estou particularmente convencido de que temos o número suficiente para aprovar essa matéria. O Brasil, que ocupa a 50ª posição no turismo internacional, não pode ficar assistindo de camarote e se dar ao luxo de não aproveitar essa grande oportunidade de geração de emprego, de renda e de impostos.
O presidente da frente evangélica do Congresso, o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), falou que fará uma mobilização contra o projeto. Como tentará reverter a rejeição?
Com os argumentos. Contra argumentos, não há como contestar.
Se pegarmos todos os exemplos que citei, casos de países democráticos e civilizados como o nosso, todos avançaram em seus indicadores sociais e econômicos. Sem exceção, todos dobraram o número de turistas.
Há 10 anos, recebíamos 6 milhões de turistas por ano, em média. Esse número não foi superado. A expectativa em 5 anos é saltarmos para 12 milhões.
Estamos falando do investimento na ordem de R$ 100 bilhões que serão investidos nos projetos, entre resorts integrados – esses complexos turísticos –, bingo, jogo do bicho, todas as modalidades.
Sem preconceito, esse projeto trata da legalização do jogo responsável. Existe o jogo de azar, dominado pelo crime organizado no Brasil.
O jogo responsável é o jogo que está na margem da lei, não na sombra da lei, que o poder público fiscaliza. Você depura quem participa desse ambiente, convidando empresas sérias e idôneas a operarem nesse mercado, fiscalizado pela Receita, pela Polícia Federal, pelos órgãos de controle.
Há as pessoas que querem manter o jogo na sombra da lei, dominado pelo crime organizado. E tem pessoas, como eu e a grande maioria dos colegas senadores, que desejam ter o jogo responsável, fiscalizado pelo poder público e que pague impostos, revertidos para benefício da população.
Já decidiu se vai tentar reeleição ao Senado em 2026 ou se candidatar ao governo do Tocantins?
Tenho que combinar com o gosto do freguês, que é o eleitor. É evidente que gostaria de continuar trabalhando e representando o meu Estado, do qual tenho muito orgulho.
Estou há 15 anos no Congresso, foram 2 mandatos como deputado federal e, desde 2019, aqui no Senado.
No ano que vem, às vésperas das convenções, precisamos fazer uma grande avaliação do mandato e fazer uma pesquisa de opinião pública, que vai ser determinante na minha decisão final.
Mas, do meu coração, gostaria muito de poder continuar trabalhando e representando o Tocantins no Senado.
Fonte: bnldata.com.br